Museu Municipal de Alcanena
                                                            Na cultura iraniana, Sofreh é o pano estendido no chão para servir comida, mas também um espaço simbólico de ritual, partilha e intimidade. Sofreh-e del significa abrir o coração a alguém. A partir desta dupla aceção, esta performance cria um território híbrido onde gesto, palavra, som e comida se entrelaçam. A mesa térrea disposta no espaço convida o público a um encontro íntimo e sensorial, onde aromas e sabores contornam fronteiras físicas e culturais. A partir de uma experiência pessoal marcada pelo deslocamento e pela identidade pós-migrante, este dispositivo performativo propõe-se como um espaço de escuta e diálogo, onde o sentimento de in-betweenness é transformado em matéria viva. Sofreh-e del — Spread of the Heart (Mesa do Coração) é um convite a repensar a pertença, desafiando os limites geográficos e propondo novas cartografias afetivas.
                                                                                                                        
                                                                                                                        
                                                                                                                        
                                                                                                            Rebecca Moradalizadeh (1989, Londres) artista plástica, performer e educadora artística portuguesa-iraniana. Vive e trabalha no Porto. É bolseira de doutoramento da FCT e investigadora no Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, onde explora o corpo como arquivo de uma identidade in-between, a partir da diáspora iraniana. Mestre em Estudos Museológicos e Curatoriais e licenciada em Artes Plásticas – Multimédia pela FBAUP, frequentou o programa Erasmus em Fine Arts Context and Practice na Sheffield Hallam University (Reino Unido). Desde 2010, apresenta o seu trabalho em festivais, exposições e talks, em Portugal e no estrangeiro. A sua prática artística aborda temas como identidade, território, fronteira, (pós)migração, deslocamento, género, arquivo e memória, refletindo, através da performance, vídeo, fotografia e gastronomia, sobre o seu lugar de pertença.