Centro Ciência Viva do Alviela
                                                            Este seminário intensivo propõe-se como um espaço de escuta, partilha crítica e experimentação, respondendo à urgente necessidade de repensar o fazer curatorial no presente. A partir de uma perspetiva feminista interseccional, reúne profissionais das artes performativas num encontro dedicado à curadoria enquanto prática artística, política e social — uma prática capaz de reprogramar o real e ativar micro-revoluções.
Ao longo de dois dias, exploraremos metodologias que desafiam modelos curatoriais convencionais, colocando em foco a curadoria como campo expandido e território de disputa. Serão discutidas formas alternativas de mediação cultural, com atenção à complexidade das relações, bem como novos formatos de acompanhamento de artistas — dois eixos importantes para o projeto da Materiais Diversos.
Reflete-se ainda sobre a curadoria em diferentes geografias e contextos, os seus possíveis recomeços e a urgência de criar formatos mais híbridos, sustentáveis e implicados politicamente. Este seminário defende a descolonização como um processo contínuo de desaprendizagem. Propõe questionar as formas como fomos ensinados a olhar para o mundo, reconstruir relações baseadas na interdependência e repensar ideias de pertença. Entende a curadoria como um espaço onde se cruzam o ativismo, a criação e a ecologia, num gesto coletivo de regeneração.
FUTURΛ é, por isso, um convite à reinvenção das práticas curatoriais: um lugar para pensar em conjunto formas mais críticas, sustentáveis e transformadoras de agir no setor cultural. Um espaço de partilha entre pares, onde múltiplas perspectivas podem emergir e onde a prática curatorial é convocada como força de resistência e possibilidade. Imaginar futuros possíveis começa por escutar o presente — com coragem, com cuidado e com uma radical abertura ao que ainda não tem nome.
Alessandra Mattana é produtora cultural e facilitadora de parcerias em redes. Coordena desde 2019 o L’Abri – residências artísticas transdisciplinares em Genebra, promovendo experimentação, hibridação de práticas e difusão de obras. Atuou na criação do programa universitário em Dança Contemporânea na Suíça e em projetos de intercâmbio artístico e pedagógico com Lia Rodrigues. Pesquisou filosofia da educação e a articulação entre saberes artísticos e pedagógicos. Foi performer durante 15 anos em companhias internacionais. É formada em Comunicação (PUC-MG) e MBA em Organizações Internacionais (Genebra), com ampla formação em dança e práticas somáticas.
Gaya de Medeiros (Brasil, 1990) é bailarina, atriz e encenadora. Criou espetáculos como ATLAS da BOCA (2021), BAqUE (2023), Pai para jantar (2023), Cafezinho (2024) e Corre, bebê! (2025, vencedora da Bolsa Amélia Rey Colaço). Protagonizou a curta Um caroço de abacate, premiado em festivais internacionais. Colaborou com Olga Roriz, Victor Hugo Pontes, Sónia Baptista e Gustavo Ciríaco, e foi co-criadora na Companhia de Dança do Palácio das Artes (2010–2019). Fundou a BRABA.plataforma, voltada à comunidade trans e não binária. Formada em Cinema de Animação (UFMG), dança, teatro físico e Butoh.
Ser humano, feminista interseccional, antirracista, ambientalista, ativista. Artista, arquiteta, performer, bailarina, pedagoga, coreógrafa de ascendência portuguesa e angolana. É licenciada em Arquitetura e em Dança. Em 2006, fundou a crew feminina ButterflieSoulFlow, centrada na dança, DJ e graffiti. Em 2012, fundou o coletivo Orchidaceae e tem-se concentrado na investigação da fusão e intersecção destas linguagens de dança para criar vocabulários e uma compreensão dos contextos políticos e sociais.
Silvia Bottiroli trabalha como curadora de artes performativas, escritora e investigadora. Foi diretora artística do DAS Theatre em Amesterdão (2018–2021) e do Festival Santarcangelo (2012–2016), tendo curado programas performativos e discursivos a nível internacional. O seu último livro What Can Theatre Do, coeditado com Miguel A. Melgares, foi publicado pela BRUNO, em 2024. Silvia é membro da primeira edição da Rose Choreographic School no Sadler’s Wells, em Londres (2025–2026), e co-diretora artística do Short Theater Festival em Roma (2025–2027).
Cristina Planas Leitão é curadora de artes performativas, dramaturga e coreógrafa, com prática focada em formatos criativos sustentáveis, novas narrativas e relações de cuidado nas artes performativas. A partir de abril de 2025, é Diretora Artística da Materiais Diversos. Em 2025, co-fundou a SUPERNOVÆ e, desde 2024, integra o grupo de curadores do Something Great Arts Centre (DE). Entre 2018 e 2024, foi curadora e Diretora Artística do Teatro Municipal do Porto, do DDD – Festival Dias da Dança e do CAMPUS Paulo Cunha e Silva, deixando um legado de residências artísticas, expansão internacional e promoção da colaboração global.